Ele foi uma autêntica pasta medicinal Couto: andou nas bocas de Portugal! Nunca se falou tanto de um homem por causa do seu pífaro. Caros Psicasténicos, tenho a honra de lembrar o Mestre André. André de Orey e Sá de seu nome original, Dezinho para os amigos e Mestre para a generalidade das pessoas (devido ao Mestrado em Engenharia do Papel). Cedo sentiu o apelo da música e depois de ter sido enxovalhado em meia dúzia de conservatórios, abriu o seu negócio de pifarinhos e tamborzinhos…quem não se lembra do genérico: “Foi na loja do Mestre André etc…”. Fortemente ligado ao corporativismo do Estado Novo, sentiu as agruras da vida no período pós-25 de Abril. Nas suas doutas palavras, “a cambada de cães do Otelo deu-me cabo da vida”. Foi então que desapareceu da ordem do dia, ficando apenas (para trauma das crianças portuguesas o que de algum modo explica certos atrasos estruturais que o país atravessa) o genérico da sua loja. Porém, o negócio corria-lhe no sangue, bem como a heroína que vendia nas ruas corria no sangue dos seus clientes; sol de pouca dura: as autoridades avessas a estes impulsos capitalistas de enriquecer com o próprio negócio levaram o homem uns anitos para a pildra. Mestre André encontrou um mundo novo quando saiu passados 20 anos (para além do tráfico de estupefacientes viu-se a braços com o suposto homicídio da mulher e das filhas que alega terem escorregado depois deste encerar a casa e infortúnio dos infortúnios, terem caído precisamente 5 vezes no colo de Mestre André quando este segurava uma faca de trinchar). Voltou a sentir o apelo do negócio, todavia o comércio tradicional fora engolido pelas grandes superfícies. Lançou-se nas televendas com um espaço de venda de armas, mas, segundo o próprio “eu não tinha a ajuda das dobragens porque falava português, nem uma figura como o Goucha para dar pinta à coisa”. Fracassou depois de ser obrigado a vender o stock a preços de amigo ao PNR para pagar as dívidas. Felizmente, hoje é um homem feliz e é mesmo à porta da Escola Primária nº1 da Arrentela que Mestre André abriu a sua sex-shop. “Ora vejam lá que as pequrruchas já cantam: foi na loja do Mestre André que eu comprei um vibrador, hmm, hmm, hmm, um vibrador!”.
Sub-Lodo
P.S.: a Psicasténica não morreu. Esteve de férias.